POR SANTA MARTA DE PORTUZELO

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Começou a época da lampreia (2)

Na rota da lampreia (2)

... continuação



As lampreias podem ocorrer no meio marinho – oceano - e no meio dulciaquícola – rios, ribeiras, riachos, entre outros. A lampreia-marinha ocorre no Atlântico Nordeste, incluindo a Noruega e Mar de Barents até ao Norte de África; no Mediterrâneo Ocidental (Oeste); e Atlântico Oeste desde o Labrador até à Flórida e costa do Golfo do México. Em Portugal ocorre em todas as principais bacias hidrográficas, sendo mais abundante a norte da bacia hidrográfica do Rio Sado.

A lampreia-marinha é um migrador que vive no mar, e depende do livre acesso aos rios para se reproduzir – designa-se por isso de migrador anádromo. No Inverno - a partir do mês de Dezembro - as lampreias-marinhas ainda de coloração azulada e prateada, deixam as profundezas do mar e começam a entrar nos estuários durante a noite. Machos e fêmeas preparam-se e adaptam-se para a marcha nocturna de subir os rios, deixando inclusivamente, de se alimentar. Sobem os rios a uma velocidade de cerca de 1,5 km/h até chegarem ao local do rio que procuravam, o melhor para construírem um ninho – locais de água corrente pouco profundos, com pedras, cascalho e areia. Chegados ao local desejado, já possuem uma coloração amarelada, e começam de imediato a mover e empilhar pedras, a revolver o areão, e a escavar a areia ondulando o corpo, até o ninho ficar com uma forma oval. Após a construção do ninho, macho e fêmea entrelaçam-se, fixos a uma pedra. A fêmea liberta cerca de 60,000 pequenos ovos, com cerca de 1mm de diâmetro, que são fecundados pelo macho. O casal morre após a postura.

Após 2 a 4 semanas, dependendo da temperatura da água – em Portugal, decorridos 10 a 20 dias - os ovos eclodem e deles saem pequenas larvas de lampreia, chamadas amocetes. Cegos, pequenos e frágeis, os amocetes enterram-se nos locais do rio onde o substrato é constituído por areia. Ficam assim enterrados nos sedimentos dos rios durante 3 a 7 anos – em Portugal, 4 a 5 anos – alimentando-se por filtração de partículas, detritos e microalgas em suspensão na água. Quando os amocetes chegam ao comprimento de 15-20 cm, ocorre a metamorfose, e tem início a migração alimentar para o mar, procurando condições de substrato e alimento que lhes sejam favoráveis. Com a metamorfose, as jovens lampreias apresentam um disco oral, munido de numerosos dentes, formando 23 séries radiais, desde o centro até ao bordo. Esse mesmo bordo do disco oral é franjado, apresentando numerosas vilosidades para melhor aderência a superfícies. Estão assim preparadas para deixar de se alimentar por filtração, tornando-se parasitas de peixes, alimentando-se de sangue e tecidos dos hospedeiros, segregando um anticoagulante.

O período de vida marinha terá a duração de 2 a 3 anos, após o qual, as lampreias-marinhas adultas procurarão os rios para desovar, e completar o seu ciclo de vida.
texto de Ana Caramujo Marcelino Canas
             Bióloga Marinha do Fluviário de Mora

Período de pesca permitido: 16 de Janeiro a 14 de Junho
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