Por Santa Marta de Portuzelo lançou o repto ao Professor Carlos Antunes, ilustre Santamartense, tendo este execido as funções como Director da Escola Pintor José de Brito, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Marta de Portuzelo, Deputado na Assembleia da República. Agradecemos o seu contributo com enorme apreço.
Por Santa Marta de Portuzelo
25 ANOS
A segunda parte da década de setenta e, fundamentalmente, a década de oitenta foram de grande exigência quanto à construção de novas escolas, que dessem resposta às necessidades do país, fruto da democratização e expansão do ensino; do aumento da escolaridade de seis e, posteriormente, de nove anos; crescimento das zonas periféricas; incremento do poder reivindicativo da população e um crescimento evidente da sensibilidade do poder autárquico para com a educação.
É justo referir que o Concelho de Viana do Castelo, através da Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, soube sempre dar prioridade à Educação. E assim surgiram, em termos de planeamento e programação, as escolas de Barroselas, Santa Marta, Vila Nova de Anha, Darque e Lanheses, tendo sido a de Santa Marta uma das primeiras a ser construída, fruto do empenho da Junta de Freguesia e, provavelmente, da necessidade de libertar, em termos estratégicos, mais alunos das escolas da sede do Concelho.
Mas, decorridos 25 anos, recordo os primeiros da sua existência não terem sido fáceis, inserida num meio ao tempo ainda bastante rural e bastante carenciado em termos económicos, em que predominava a indústria têxtil, com uma população pouco escolarizada e que questionava a qualidade do ensino ministrada na escola. Esta rejeição tinha de ser associada ao facto de muitos alunos terem vindo contra a sua vontade e dos pais das escolas de Viana do Castelo para Santa Marta.
É evidente que era uma escola nova, mas o novo desse tempo, nada tem a ver com o “luxo” das novas escolas de hoje, principalmente ao nível de equipamentos, pois, a título de exemplo, não dispunha de pavilhão gimnodesportivo; laboratórios; oficinas; biblioteca e, mais tarde, padeceu até de insuficiência de salas, o que levou a que a escola tivesse assumido por conta própria a construção de um pequeno bloco. A frequência era superior a 1300 alunos (diurno e nocturno).
Mas, se a componente física e material (equipamentos) são muito importantes, de interesse superior são os recursos humanos, um corpo docente e não docente jovem, mas motivado e empenhado na construção de uma boa escola, em termos de educação, e numa melhoria gradual das condições.
Foi fundamental a acção de todos aqueles (docentes e não docentes) que assumiram a responsabilidade de promover uma escola capaz de interagir com toda a comunidade e impor-se pela qualidade do serviço que prestava.
Para a aceitação da escola por parte da comunidade, contribuiu de forma decisiva a Associação de Pais, entretanto criada, assumindo uma postura de partilha e co-responsabilização, em que, entre outras iniciativas, permitiu dotar a escola da visita semanal de um médico e assumir um grande número de iniciativas que dinamizaram a escola para o exterior e para o próprio interior.
O relacionamento aberto e transparente com toda a comunidade permitiu criar órgãos de consulta com agentes exteriores e estabelecer protocolos, com instituições exteriores como a Igreja e associações.
E, porque a instituição Escola tem de ter um rosto, viver com valores, prezar a memória, saber acarinhar e amar o que melhor tem, que são os seus recursos humanos – homens, mulheres, adolescentes e crianças –, foi escolhido um patrono, um homem de origem humilde, mas que soube crescer e que nós guardamos como memória – Pintor José de Brito.
Não temos dúvidas do contributo positivo e da dinâmica que a escola Pintor José de Brito deu à comunidade.
Assim, seria deveras interessante saber quantos não teriam renunciado ao estudo e à conclusão da escolaridade obrigatória ou, quiçá, à sua especialização ou ao seu curso superior, se não tivessem uma escola perto da sua residência.
Ex - Director Executivo
Carlos Antunes
Fevereiro/2011