POR SANTA MARTA DE PORTUZELO

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Artigo de Opinião - PALESTRAS SOBRE O RIO LIMA (3)

Durante três semanas, sempre à sexta-feira, publicamos um artigo redigido pelo Sr. Luis Gonzaga sobre o tema: Palestras sobre o Rio Lima.
Ilustre Santamartense, aposentado, antigo Presidente da Junta de Santa Marta de Portuzelo, tem dedicado muitas horas do seu tempo na invertigação de vários assuntos. Por Santa Marta de Portuzelo reconhece o seu investimento pessoal e procura divulgar o que de melhor se produz nas várias árias do saber e conhecimento.

3ª Parte (de 3)
PALESTRAS SOBRE O RIO LIMA
EFECTUADAS POR: LUÌS GONZAGA PARENTE RIBEIRO MOREIRA

Depois deste trabalho, virado para alguns detalhes e particularidades da água, vamos de seguida falar sobre o Rio Lima, que é o assunto principal para o qual fomos convidados. O Rio Lima nasce na Lagoa de Beon, em ESPANHA, entre Viso e Ginzio de Lima. A sua designação Lethes foi atribuída por Estrabão, geógrafo grego da antiguidade, que o consagrou ao chamar-lhe Lethes (Lethes fluvius quem alti Limean alii Belionen vocant). Contudo, também se chamou OBLÍVIO, que em Latim quer significar Rio do Esquecimento. Durante a sua existência e desde tempos imemoriais, há dezenas de milhares de anos a esta parte, tem sofrido alterações profundas pela sua acção directa na transformação das margens, provocadas pela força do movimento das águas e transporte contínuo de nutrientes, de areia, seixos, terra e pedra em direcção ao Oceano Atlântico, onde tem vindo a ser depositadas em sucessivas camadas sedimentares. Por outro lado e principalmente no decorrer do século XX, pela acção humana, sofreu alterações tremendas com a construção das duas barragens do Lindoso e de Touvedo, para a produção de energia eléctrica, com o desassoreamento criminoso efectuado desde Ponte da Barca até a foz, da construção de uma fábrica de pasta de papel conhecida de Portucel, que, só por si, além de outros, tiveram em termos de impactos ambientais e ecológicos negativos, problemas enormes no desaparecimento acelerado das espécies, quer da fauna quer da flora. É conhecido de quase toda a gente, que no decorrer do mesmo século XX, foi permitida a construção, desde Ponte da Barca a Viana do Castelo, de 35 lagares de azeite e 15 vacarias, sem quaisquer tratamentos dos seus resíduos. Em l991, em estudo efectuado para o efeito, dos 175 929 habitantes dos 4 concelhos referidos, só 45 002, tem rede pública de esgotos, numa percentagem de 39,9 %. A acrescentar a tudo isto, temos ainda, estações de serviço, pocilgas, cerâmica, mármores e pedreiras, num total de 31 unidades económicas poluidoras, a maior parte, também, sem tratamento de resíduos. Não obstante nestes últimos anos terem feito um esforço significativo, em atenuar os estragos tremendos efectuados pela fábrica de produção de papel "Portucel" , com a emissão de produtos como o metanol e outros elementos químicos nocivos à saúde, não só, das populações, mas também da atmosfera e do Rio Lima, principalmente no período das paragens, daquela unidade económica, no mês de Setembro. Continua a haver, ainda, fortes motivos de preocupação. Para além de tudo isto, e no decorrer do mesmo século e na transição da agricultura tradicional, para a chamada agricultura intensiva, isto é, com a utilização a esmo, dos elementos químicos, tais como o DDT, altamente tóxico, herbicidas e legiões de outros elementos químicos, vieram, como é óbvio, contaminar o ar e, em termos globais os Glaciares, lagos, rios e oceanos. Não nos podemos esquecer, de forma alguma a maior poluição produzida pelo homem, de que há memória, que ao querer desenvolver a economia de forma não sustentada, resolveu de modo desenfreado, recorrer à queima do carvão e demais combustíveis fósseis, ultrapassando, tudo, o que se possa imaginar, hipotecando o futuro das próximas gerações. Como atrás me referi, quando o sangue das nossas veias, está contaminado com vírus, bactérias e outros elementos estranhos, ao nosso organismo, normalmente entramos num estado febril e consequente aumento de entropia e desordem, o que nos leva a correr para o nosso médico ou o Hospital, em caso de urgência. Em termos comparativos é o que está acontecer ao nosso Planeta, o que me leva a duvidar, se haverá, ainda, médicos e hospitais capazes de resolver, os gravíssimos problemas de saúde, dos nossos oceanos, glaciares, rios e lagos, originados somente pela acção do homem, único responsável pelo estado a que chegamos. O futuro não é, no meu ponto de vista, risonho, conclusão a que cheguei, não só pela observação directa no contacto permanente com a natureza, mas principalmente com os conhecimentos científicos adquiridos, dos quais destaco os livros "O calor vem aí" de Ross Gelbspan e "Eras de Gaia", de Jammes Lovelloc, considerado, ao nível mundial, como a maior sumidade, nesta matéria. Como tiveram oportunidade de reparar, principalmente aqueles que comigo não privam no dia-a-dia, deveriam ter verificado, no decorrer das três palestras, para o qual fui convidado, que é muito raro dar bom tempo ao recusar-me, pintar quadros coloridos, ou vender banha de cobra, porque repudio veementemente, alinhar com a maior parte dos embusteiros, que enxameiam os corredores das quatro televisões e ainda um bom quinhão, da Comunicação Social escrita e falada, exceptuando algumas raridades, das quais destaco, com muita admiração Miguel de Sousa Tavares, entre outros.
Vou terminar, com uma invocação liminar, do prémio Nobel da Física, galardoado em 1979, Steven Weinberg.

O universo é, como é, e não aquilo que desejávamos que fosse.
Com a esperança de não os ter aborrecido, agradeço à Cristina e à Flor, o convite que me fizeram e a todos que me ouviram, com a certeza de ter contribuído com o meu saber acumulado, para o despertar de algumas consciências para a resolução destes problemas, desejando a todos os filhos e netos do Planeta um futuro melhor e mais feliz.
Muito obrigado.

Santa Marta de Portuzelo, 11 de Agosto de 2008




Por Santa Marta de Portuzelo
(Luís Gonzaga Parente Ribeiro Moreira)