POR SANTA MARTA DE PORTUZELO

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Ouro (2) - Brincos

BRINCOS

Nada mais significativo de miséria do que não ver brincos a pender das orelhas. Quem desculparia ver uma mulher de antigamente, por mais humilde que fosse, desprovida de arrecadas?! Sem a mais ligeira contemplação o povo considerava-a uma “mulher fanada”! Para melhor se julgar quão desprestigiante era a falta de brincos, basta dizer que aos Santos se prometia andar sem eles – e, como prova do sacrifício, era coisa de se ter em conta muito especial. Não tenham dúvidas que constituía verdadeiro tormento passar por fanada um, dois três meses, um ano até! E por isso se comentava: ‘Em que estado de angústia se teria achado para tal prometer!’ Realmente, esse tipo de promessa era tido como acto verdadeiramente estóico! Era muito raro deixar o par no ourives, pois tinha que ser iludida a impiedade das más línguas. Assim, servia-se do falso pretexto da orelha ferida – aquela que estava desguarnecida do brinco, claro! Para melhor representar, ou antes, para melhor convencer, besuntava com unguento ou caiava com alvaiade o competente lóbulo!


ARRECADAS DE VIANA

Também designadas por argolas filigranadas, de “bambolina” ou de “pelicano” - esta referências dizem respeito ao quarto crescente móvel, daí estas duas últimas designações serem populares. São as herdeiras das arrecadas Castrejas que se metamorfosearam até aos nossos dias mas que se mantêm na sua essência, com pequenas alterações. Trata-se de um dos poucos casos de ourivesaria em que as classes privilegiadas imitaram peças da ourivesaria popular. Actualmente são de forma circular, com a lúnula na “bambolina” ou “pelicano”, “SS” filigranados e triângulo invertido como remate. São feitas com filigrana aberta, poderão levar uma conta de Viana no encaixe do fecho ou a toda a volta (normalmente cinco).


 
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Por Santa Marta de Portuzelo