Há pessoas que conhecemos ao longo
da vida, nas mais variadas circunstâncias, de quem nos tornamos amigos,
aprendemos a respeitar, construímos admiração pela sua ação, pela sua entrega
ao trabalho e quantas vezes até pela empatia que sabem granjear.
Estou a escrever esta breve nota,
após ter acompanhado o funeral do Sr. João Duro “o homem das chinelas” de Santa
Marta, com a emotividade de quem perde um homem que sempre admirei pela sua
humildade e saber estar neste mundo, onde tudo acontece ao contrário da vida
idealizada e praticada pelo João Duro.
Não vou falar das suas qualidades
como artesão, alguém com mais saber o fará, ainda no dia do seu funeral foi
publicado, na Aurora do Lima, (15 de novembro) um artigo de Anna Pallottino “Chinelas
de Santa Marta em extinção”.
Recordo, vezes sem conta, que lhe
bati à porta para participar em feiras, exposições, cortejos, palestras, quer
para a Junta de Freguesia, iniciativas da Câmara Municipal, romaria de Santa
Marta e eventos que não valerá a pena enumerar e que sempre manifestou boa
vontade em “servir” e demonstrar do mais belo que temos. Com um simpático
sorriso nos lábios dizia: - Estou velho – mas não sabia dizer que não.
Em boa hora a Junta de Freguesia de
Santa Marta em 29 de julho último homenageou-o, atribuindo-lhe o PRÉMIO
VIDA (o reconhecimento público e a gratidão deve ser presencial) e
criou a sala do artista, na antiga escola primária de Santa Marta, que pode ser
visitada e apreciadas algumas das suas peças.
Recordo as palavras comovidas de
agradecimento do senhor João Duro “trabalho e dedico-me hoje àquilo que faço
com o mesmo amor de há 20 ou 30 anos”. São estas aparentes pequenas
iniciativas, que nos fazem crescer preservando e enriquecendo os valores da
nossa comunidade.
Há uns anos perdemos a Dona
Joaquina, sua esposa, senhora dotada de extrema sensibilidade com mãos de
“fada”, no arranjo da igreja e na conservação e execução dos nossos belos
trajes, incluindo os de mordoma, hoje ficamos sem a companhia do generoso artesão
João Duro.
Sei que fez escola, mas não será esquecido e é bom que os valores se perpetuem, porque enriquece a nossa história e é um testemunho para os mais novos.
Obrigado senhor João.
Carlos Antunes