POR SANTA MARTA DE PORTUZELO

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sábado, 12 de novembro de 2011

PERDEMOS UM ARTESÃO

Há pessoas que conhecemos ao longo da vida, nas mais variadas circunstâncias, de quem nos tornamos amigos, aprendemos a respeitar, construímos admiração pela sua ação, pela sua entrega ao trabalho e quantas vezes até pela empatia que sabem granjear.
Estou a escrever esta breve nota, após ter acompanhado o funeral do Sr. João Duro “o homem das chinelas” de Santa Marta, com a emotividade de quem perde um homem que sempre admirei pela sua humildade e saber estar neste mundo, onde tudo acontece ao contrário da vida idealizada e praticada pelo João Duro.

Não vou falar das suas qualidades como artesão, alguém com mais saber o fará, ainda no dia do seu funeral foi publicado, na Aurora do Lima, (15 de novembro) um artigo de Anna Pallottino “Chinelas de Santa Marta em extinção”.
Recordo, vezes sem conta, que lhe bati à porta para participar em feiras, exposições, cortejos, palestras, quer para a Junta de Freguesia, iniciativas da Câmara Municipal, romaria de Santa Marta e eventos que não valerá a pena enumerar e que sempre manifestou boa vontade em “servir” e demonstrar do mais belo que temos. Com um simpático sorriso nos lábios dizia: - Estou velho – mas não sabia dizer que não.

Em boa hora a Junta de Freguesia de Santa Marta em 29 de julho último homenageou-o, atribuindo-lhe o PRÉMIO VIDA (o reconhecimento público e a gratidão deve ser presencial) e criou a sala do artista, na antiga escola primária de Santa Marta, que pode ser visitada e apreciadas algumas das suas peças.

Recordo as palavras comovidas de agradecimento do senhor João Duro “trabalho e dedico-me hoje àquilo que faço com o mesmo amor de há 20 ou 30 anos”. São estas aparentes pequenas iniciativas, que nos fazem crescer preservando e enriquecendo os valores da nossa comunidade.

Há uns anos perdemos a Dona Joaquina, sua esposa, senhora dotada de extrema sensibilidade com mãos de “fada”, no arranjo da igreja e na conservação e execução dos nossos belos trajes, incluindo os de mordoma, hoje ficamos sem a companhia do generoso artesão João Duro.

Sei que fez escola, mas não será esquecido e é bom que os valores se perpetuem, porque enriquece a nossa história e é um testemunho para os mais novos.

Obrigado senhor João.

Carlos Antunes